sexta-feira, 27 de março de 2009

terça-feira, 17 de março de 2009

A indústria por trás do basquete

No Brasil, país em que o esporte mais popular é tratado com paixão pelos torcedores e que a diferença entre profissional e amador pode ser apenas o salário milionário de estrelas como Ronaldo Fenômeno, ver uma partida da Liga Americana de Basquete, a NBA, pode ser mais do que conferir grandes jogadas de astros de um esporte quase sem patrocínio no Brasil. É, com certeza, uma experiência de como o "produto basquete" pode render mais do que jogadas espetaculares.

Na entrada do American Airlines Arena talvez você se sentisse no Brasil. Não pelo clima, mas pelos cambistas. Mas as semelhanças acabam aí. Um dos ingressos mais baratos custa US$ 80, para a arquibancada superior. Após serem revistados, os torcedores podem pegar a revista do Miami Heat, time da casa, com o ídolo Dwayne Wade na capa, e subirem os vários andares de escada rolante, convidados a terem seu estilo, suas roupas e estarem "na sua casa". Na lojinha do térreo, muitos já se sentem à vontade para levar um dos inúmeros suvenires. De bonés, por US$ 20, a camisas e shorts de vários modelos femininos e masculinos, com preços que podem chegar a US$ 80, para o padrão oficial.

Mas você é novo no esporte e decidiu ir direto ao jogo. Em quadra, o Miami Heat enfrenta o Phoenix Suns, do brasileiro Leandrinho e de estrelas como Shaquille O'Neal e Steve Nash. Os salários deles podem ultrapassar os US$ 20 milhões e há quem diga que a crise financeira pode fazer com que sejam reduzidos. Mas as cifras não estão explícitas no espetáculo. Não bastasse o jogo disputado, o placar apertado e as jogadas inacreditáveis, um locutor agita a torcida a cada tiro direto, a cada cesta, provocando os adversários, chamando o público para a quadra.

Nos intervalos entram DJ, líderes de torcida, mascote do time, uma equipe de TV ao vivo, anúncios de produtos, para lembrar que você está na América e que eles se orgulham disso. É um show. Do esporte, também. Mas é business.

Quando a partida acaba, depois de gritar tantas vezes Wade! (maior pontuador do jogo, com 35) você também quer levar o ídolo para casa. Na lojinha lotada, os suvenires são vendidos rapidamente. Olhando para toda aquela estrutura é difícil acreditar que os salários dos astros sejam reduzidos. Ah, o Heat venceu o Phoenix Suns por 135 a 129. E o Brasil precisa aprender com os americanos o que é esporte profissional.

* Publicado no Diario de Pernambuco