segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Girls just wanna have fun

É sempre bom ver quando um artista, mesmo depois de tantos anos de carreira, ainda tem prazer em se apresentar. No caso de Cyndi Lauper, melhor ainda, por ver uma cantora que não ficou presa aos sucessos da década de 1980 e soube seguir em frente.

Cyndi Lauper entrou no palco do Chevrolet Hall às 22h25 do último sábado para apresentar músicas do disco Memphis Blues, uma fase pouco conhecida do público local, mas que não impediu a cantora de conquistar a platéia de cara. Acompanhada por uma excelente banda e com o auxílio da percussionista Lan Lan na tradução de algumas palavras para o português, Cyndi teve o público nas mãos já na segunda música.

Na primeira parte do show, a cantora priorizou o repertório de Memphis Blues e mostrou uma voz potente, talvez até mais trabalhada do que na sua juventude. Disposta a se divertir com as pessoas que pagaram para vê-la, a americana dançou, desceu do palco para cantar junto com os fãs e atacou de “All through the night” na quarta música, para delírio dos que esperavam pelos antigos sucessos.

Cyndi seguiu mesclando hits antigos no repertório de blues e fez concessões, ao improvisar com Lan Lan, apenas com voz e percussão, a inesquecível “The Goonies ‘R’ good enough”. Brincou com a sonoridade das palavras Mississipi e Recife, ganhou uma sombrinha e ensaiou passos de frevo. Destaque para “She Bop”, numa versão mais suingada e até melhor que a original.

O público, formado por quem já passou dos 30 e curtiu bem os anos 80, já estava satisfeito e foi ao delírio na segunda parte do show – quando pode cantar junto com Cyndi Lauper todos os grandes sucessos. Desacostumada com o calor dos trópicos, ela se permitiu tirar os sapatos e dançar com total domínio do público e do palco. Já passava das 23h15 quando recebeu uma ‘mensagem’ do tecladista, dizendo que “as garotas querem se divertir”. Baixou então o santo de “Girsl just wanna have fun” – cantada em coro pela platéia que pulava de alegria.

Cyndi atendeu mais uma vez aos pedidos e improvisou “Shine”. Seguiu de “Time after time” à capela, tocando ela mesma uma espécie de cítara, e encerrou com “True Colors” e uma referência a John Lennon, com a citação de “Power to the people”. Foi lindo.

Numa época de cantoras plastificadas, que precisam de sintetizadores, efeitos especiais e aditivos para serem chamadas de divas, Cyndi Lauper mostra que talento e carisma não se fabricam. O público, que não chegou a lotar o Chevrolet Hall, voltou pra casa feliz.

A versão editada e publicada - Chevrolet Hall // Cyndi Lauper em show atemporal

Nenhum comentário: