terça-feira, 31 de março de 2015

Conhecendo uma cultura pelo paladar

Eu tenho pouca frescura para comer e muita “curiosidade culinária”, ou "curiosidade gastronômica" (confesso que não sei a diferença entre culinária e gastronomia. Por favor, alguém que entenda de doce de leite e de baunilha (argentino, Itambé e/ou de Madagascar), se souber, pode explicar! :-))). Gosto de experimentar sabores diferentes e de cozinhar também. Então, aqui na Toscana, tenho me permitido provar o cardápio da culinária local. Tento controlar a quantidade de doces e massas porque não quero ser impedida de embarcar de volta por excesso de peso! E caminho bastante todos os dias. Porque a rotina é de caminhar mesmo. Pra turistar, pra estudar, pra ir e voltar... aqui na Itália as pessoas caminham mais e sobem e descem trocentas escadas por dia. Então, haja fôlego! Você come e quase gasta tudo no mesmo dia (uma vantagem).

Voltando à comida, ou ao cibo (em italiano se fala tchibo), ir ao supermercado é quase uma tortura. Para mim, principalmente a seção de queijos. Sem capacidade de me alimentar só de formaggio e sem conta bancária que permita comprar todos os tipos disponíveis, experimento um ou dois diferentes por semana. E vivo um dilema gastronômico: como voltar a comer a muçarela/mozarela brasileira depois de mangiar a mozzarella italiana?!

Não gosto dos panini vendidos nas lanchonetes (sempre parecem descansar nas vitrines mais tempo do que o recomendado), mas não há como resistir a todos os tipos de presuntos, mortadelas, salames e embutidos com nomes que nem sempre são decifráveis, mas de sabores únicos.

Dos sabores da Toscana, ainda não experimentei a bisteca fiorentina e estou em busca de companhia para prová-la, já que o prato é servido com nada menos que 1 quilo de carne!!! Quem sabe até o fim da temporada por aqui encontro alguém que tope a empreitada.

Comida típica é o sanduíche de tripa de boi, o “panino con lampredotto”. Provei e posso dizer que o gosto é estranho e o cheiro é horroroso! Depois que você sabe que é tripa a sensação piora. Eheheheheheh... Eles servem com um molho absolutamente proibido para quem tem hipertensão e no final você deseja estar junto da torneira mais próxima para beber toda a água de Florença. O lampredotto é um sucesso de público! É comum ver os florentinos esperando o seu sanduba ao redor das corrocinhas de rua. Valeu a experiência, mas não pretendo repetir.

Outra receita típica da Toscana é a “Torta da Nonna”. Experimentei na semana passada e posso dizer que dei um suspiro a cada garfada; mas não sei explicar exatamente do que é feita. É uma massa crocante por fora e um tipo de creme firme com sabor parecido com pastel de nata por dentro. A minha veio acompanhada de um pouco de chantilly e eu, que costumo repetir que não gosto de chantilly, desde a ocasião retirei este preconceito da minha cabeça. É de comer rezando! Uma frase feita totalmente aplicável à “Torta della Nonna”.

No mais, o molho de tomate daqui é “O Molho de Tomate”; já comi diversas entradas (cada uma mais saborosa que a outra), risotos, massas de vários tipos, provei diversos vinhos e cometi o pecado da gula inúmeras vezes tomando sorvete. O frio não favorece o sorvete – pelo menos para uma pessoa que está a maior parte do tempo congelando, como eu – mas ao menos uma vez por semana me aventuro e me permito novos sabores gelados.

Algo que estou fazendo, mas ainda não me reacostumei é a tomar água da torneira. Assim como em Roma, aqui todos garantem que a água que sai das torneiras e das fontes é super limpa e potável. Confesso que passei a primeira semana inteira tomando água mineral, mas a cotação do euro subiu, todo mundo toma água de torneira e em benefício do meu bolso, comecei a tomar a água cristalina que sai da torneira. Por via das dúvidas, assim como na outra viagem, já está reservado o remédio de verme pós-temporada italiana. Desculpem amigos, mas “seguro morreu de velho”. :-)

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